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segunda-feira, 1 de março de 2021

Reunião entre residentes e coordenador - Palestra Ma. Amanda Séllos Rodrigues 26/02


 

No dia 26/02, sexta-feira, encerramos o ciclo de palestras com a convidada Amanda Séllos doutora pela Fiocruz 2020 na área da educação, que apresentou o seu mestrado realizado na Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) em 2018, sobre a percepção de educadores sobre a inclusão de indivíduos com transtorno de espectro autista (TEA).

Inicialmente ela mostrou sua trajetória acadêmica desde a graduação, em 2012, até seu Doutorado em 2020. Explicando o motivo de escolha da sua área que iniciou no final da graduação e tornou-se definitiva após a especialização feita em 2017/2018, que levou ao seu mestrado na área da educação pela UFOP em 2018.

Antes de explicar seu projeto inicial que sofreu grandes mudanças depois de aceita na faculdade, ela nos apresentou o programa de mestrado da UFOP. O programa conta com duas opções o mestrado profissional e o mestrado acadêmico, Amanda explica que a criação do mestrado profissional foi devido a necessidade de as empresas terem funcionários especializados, desta forma sua criação permitia que os funcionários continuassem trabalhando e pudessem se especializar. A criação foi justamente devido ao fato de que no mestrado acadêmico os estudantes podem receber bolsas, portanto normalmente não trabalham, além dos horários de aulas disponíveis não contemplarem aqueles que eventualmente trabalham.

Apesar de existirem as duas opções de mestrado elas não apresentam diferença no sentido de pontuação durante a realização de um concurso ou afins. A única diferença significativa está na entrega da dissertação enquanto o mestrado acadêmico não é necessário desenvolver um produto para a população o profissional sim. Esse produto pode ser desde a criação de um minicurso, cartilha até uma sequência didática o importante é que seja ofertado algo para as pessoas que fizeram parte da pesquisa.

Ela aborda ainda a diferença entre um mestrado na área da educação e ensino. A área de ensino possui um foco mais específico, organizando-se em uma série de atividades que foca em um conhecimento específico abordado em sala de aula enquanto a área da educação tem um foco mais generalizado.

Após as devidas explicações a doutora explica a ideia inicial do seu projeto no mestrado que seria a criação de um aplicativo sobre a interação do sistema locomotor e nervoso no 6° ano do fundamental. Porém após a escolha de seu orientador que trabalhava com inclusão de alunos na escola fez com que Amanda desenvolvesse uma nova ideia para o seu projeto que seria não a inclusão dos alunos, mas a formação continuada de professores-APAE- Transtorno de espectro autista (TEA). Assim o objetivo do seu novo projeto era promover uma reflexão nos professores, que trabalham com alunos que possuem o TEA, quanto as estratégias educativas adaptadas que eles utilizavam em sala de aula.

Antes de apresentar os resultados de sua pesquisa e como foi realizado ela explica o motivo de escolher os professores como “protagonistas” do seu projeto. Amanda explica através de um conceito do TEA divulgado pela OMS que se baseia no CID- classificação de internacional de doenças- ,um livro que traz informações sobre transtornos e deficiências, como a forma de lidar com ensino e aprendizagem de pessoas que apresentam o autismo é desatualizada e preconceituosa colocando os autistas como incapazes de aprender como os outros classificados como “neuro típicos”. O CID-10 que apresenta os conceitos “antigos” sobre autismo e que ainda é válido para classificar pessoas com TEA até 2022 aborda indivíduos de forma a separa-los em características específicas do transtorno ou doença, por exemplo, separar características de pessoas com síndrome de Asperger de outras. Desta forma os médicos apresentavam dificuldades no diagnóstico, pois acontecia de o indivíduo apresentar duas características do TEA e outras características de outras síndromes o que dificultava em qual diagnóstico conferir a pessoa.

O CID-11 que só será válido no Brasil em 2022 aborda o TEA de acordo com graus, assim quem possui autismo poderá ser diagnosticado dentro de três graus diferentes. Além disso ele também traz que os indivíduos apresentam capacidade completa de habilidades intelectuais e de linguagem, ou seja, eles possuem a mesma capacidade de aprendizado, mesmo com grau elevado, de uma pessoa que não tem autismo. A interferência que esses indivíduos possuem está no campo da interação social, de forma que eles apresentam um déficit na interação, no comportamento e na comunicação. Essa tríade que classifica alguém como tendo ou não autismo, a pessoa só terá diagnóstico positivo se tiver déficit nos três.

Amanda aponta que o que ocorre atualmente é uma inserção destes indivíduos na escola, sendo que 79% estão na escola regular, e que por vários fatores eles não recebem educação adequada, ou seja, não há inclusão somente inserção. Neste ponto ela desenvolve o questionamento se a escola especial ela é boa ou ruim, mostrando as duas discussões entre os grupos que são contra e a favor. Além de mostrar a dificuldade que existe da inclusão nas escolas sendo elas a adaptação de currículos e horários, e mudanças nos funcionários na escola, nos professores, nos hábitos e pensamentos para garantir a inclusão dos alunos.

Ela mostra as estratégias educativas adaptadas que devem ser aplicadas em crianças autistas para garantir o seu aprendizado, que seria a criação de um ambiente estimulante e para isso o professor deve conhecer seu aluno sabendo o que ele mais gosta ou não. Assim ele irá conseguir criar estímulos de acordo com que o estudante mais gosta, se for música, por exemplo, estímulos auditivos proporcionará um aprendizado melhor para ele se for desenhos, pinturas e afins estímulos visuais e assim por diante. O importante é promover o ensino e aprendizado utilizando o que os alunos mais tem interesse, e desenvolver também uma rotina no sentido de conversar com os alunos com TEA e dizer antecipadamente para ele o que irá ocorrer naquele dia, essa atitude simples irá deixa-lo menos ansioso e consequentemente mais calmo.

Ao fazer essas estratégias o professor estará incluindo o aluno com TEA na sala de aula com os demais e não somente inserindo. O professor como papel de mediador no ensino e aprendizagem deve também incluir não somente o TEA, mas todos os alunos, ou seja, esta estratégia pode ser utilizada não só com autistas, mas com todos os alunos presentes na sala de aula. É importante ressaltar que durante toda a palestra foi dito que os professores não são os únicos responsáveis para garantir a inclusão de pessoas com TEA, é necessário o apoio escolar e da família, além de uma valorização desses profissionais.

Diante de todo o exposto a metodologia de seu projeto era entrar em contato com uma escola APAE a escolhida foi a de Itabirito e logo após foi apresentado aos professores participantes as propostas do curso “multiplicadores” e foram aplicados dois tipos de questionário o online e o inicial ambos com as mesmas perguntas, porém o online destinado a professores da rede regular de ensino no geral enquanto o inicial aos professores da APAE de itabirito. As perguntas eram sobre a dificuldade que os professores tinham em incluir alunos com TEA, para que pudesse entender as dificuldades dos professores. Logo após foi selecionado atividades diferenciadas, seguidas de um questionário pré e pós minicurso, seguido do minicurso, cartilha informativa e análise de dados.

Os resultados dos questionários mostram primeiramente a dificuldade dos professores para inclusão de alunos com TEA, os professores da APAE apontam como dificuldades: capacitação de professores, dificuldades com alunos (atenção, comportamento), adaptação do material e metodologia. Já os da rede regular apontam grande número de alunos em sala, capacitação de professores, preconceito no ambiente escolar, extensão e nível de dificuldade do conteúdo.

Durante o minicurso foi realizado atividades de cada um dos três estímulos: tátil, auditivo e visual. Sendo realizadas 5 atividades diferentes, no final do minicurso foi dado uma cartilha com as orientações e explicações de tudo que foi apresentado durante o exposto.

Como conclusão foi exposto que não existe uma forma específica de ensinar um aluno com TEA, mesmo que haja dois alunos com o mesmo diagnóstico, eles podem reagir de maneiras diferentes à uma mesma proposta pedagógica. Por isso, o que funciona para um pode não funcionar para o outro. Amanda aborda ainda que, o minicurso e o que ela apresentou para os professores de Itabirito é a realidade deles com os alunos daquela escola, se for para outra escola em outro lugar a forma de abordagem deve mudar, as formas de lidar com os alunos de outro lugar não podem ser a mesma de Itabirito.

Portanto, para ensinar o professor não precisa ser um especialista no transtorno. O que podemos absorver da palestra com a professora Amanda é que, o recomendado é que o professor procure sempre conhecer todos os alunos de forma individual e perceba como cada um aprende. Mais do que um conhecimento específico, a inclusão desses alunos requer uma mudança no modo como a escola e os professores pensam e fazem educação.

 

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