No
dia 26/02, sexta-feira, encerramos o ciclo de palestras com a convidada Amanda
Séllos doutora pela Fiocruz 2020 na área da educação, que apresentou o seu
mestrado realizado na Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) em 2018, sobre
a percepção de educadores sobre a inclusão de indivíduos com transtorno de
espectro autista (TEA).
Inicialmente
ela mostrou sua trajetória acadêmica desde a graduação, em 2012, até seu
Doutorado em 2020. Explicando o motivo de escolha da sua área que iniciou no
final da graduação e tornou-se definitiva após a especialização feita em
2017/2018, que levou ao seu mestrado na área da educação pela UFOP em 2018.
Antes
de explicar seu projeto inicial que sofreu grandes mudanças depois de aceita na
faculdade, ela nos apresentou o programa de mestrado da UFOP. O programa conta
com duas opções o mestrado profissional e o mestrado acadêmico, Amanda explica
que a criação do mestrado profissional foi devido a necessidade de as empresas
terem funcionários especializados, desta forma sua criação permitia que os
funcionários continuassem trabalhando e pudessem se especializar. A criação foi
justamente devido ao fato de que no mestrado acadêmico os estudantes podem
receber bolsas, portanto normalmente não trabalham, além dos horários de aulas
disponíveis não contemplarem aqueles que eventualmente trabalham.
Apesar
de existirem as duas opções de mestrado elas não apresentam diferença no
sentido de pontuação durante a realização de um concurso ou afins. A única
diferença significativa está na entrega da dissertação enquanto o mestrado
acadêmico não é necessário desenvolver um produto para a população o
profissional sim. Esse produto pode ser desde a criação de um minicurso,
cartilha até uma sequência didática o importante é que seja ofertado algo para
as pessoas que fizeram parte da pesquisa.
Ela
aborda ainda a diferença entre um mestrado na área da educação e ensino. A área
de ensino possui um foco mais específico, organizando-se em uma série de
atividades que foca em um conhecimento específico abordado em sala de aula
enquanto a área da educação tem um foco mais generalizado.
Após
as devidas explicações a doutora explica a ideia inicial do seu projeto no
mestrado que seria a criação de um aplicativo sobre a interação do sistema
locomotor e nervoso no 6° ano do fundamental. Porém após a escolha de seu
orientador que trabalhava com inclusão de alunos na escola fez com que Amanda desenvolvesse
uma nova ideia para o seu projeto que seria não a inclusão dos alunos, mas a
formação continuada de professores-APAE- Transtorno de espectro autista (TEA).
Assim o objetivo do seu novo projeto era promover uma reflexão nos professores,
que trabalham com alunos que possuem o TEA, quanto as estratégias educativas
adaptadas que eles utilizavam em sala de aula.
Antes
de apresentar os resultados de sua pesquisa e como foi realizado ela explica o
motivo de escolher os professores como “protagonistas” do seu projeto. Amanda
explica através de um conceito do TEA divulgado pela OMS que se baseia no CID-
classificação de internacional de doenças- ,um livro que traz informações sobre
transtornos e deficiências, como a forma de lidar com ensino e aprendizagem de
pessoas que apresentam o autismo é desatualizada e preconceituosa colocando os
autistas como incapazes de aprender como os outros classificados como “neuro
típicos”. O CID-10 que apresenta os conceitos “antigos” sobre autismo e que
ainda é válido para classificar pessoas com TEA até 2022 aborda indivíduos de
forma a separa-los em características específicas do transtorno ou doença, por
exemplo, separar características de pessoas com síndrome de Asperger de outras.
Desta forma os médicos apresentavam dificuldades no diagnóstico, pois acontecia
de o indivíduo apresentar duas características do TEA e outras características
de outras síndromes o que dificultava em qual diagnóstico conferir a pessoa.
O
CID-11 que só será válido no Brasil em 2022 aborda o TEA de acordo com graus,
assim quem possui autismo poderá ser diagnosticado dentro de três graus
diferentes. Além disso ele também traz que os indivíduos apresentam capacidade completa
de habilidades intelectuais e de linguagem, ou seja, eles possuem a mesma
capacidade de aprendizado, mesmo com grau elevado, de uma pessoa que não tem
autismo. A interferência que esses indivíduos possuem está no campo da
interação social, de forma que eles apresentam um déficit na interação, no
comportamento e na comunicação. Essa tríade que classifica alguém como tendo ou
não autismo, a pessoa só terá diagnóstico positivo se tiver déficit nos três.
Amanda
aponta que o que ocorre atualmente é uma inserção destes indivíduos na escola,
sendo que 79% estão na escola regular, e que por vários fatores eles não
recebem educação adequada, ou seja, não há inclusão somente inserção. Neste
ponto ela desenvolve o questionamento se a escola especial ela é boa ou ruim,
mostrando as duas discussões entre os grupos que são contra e a favor. Além de
mostrar a dificuldade que existe da inclusão nas escolas sendo elas a adaptação
de currículos e horários, e mudanças nos funcionários na escola, nos
professores, nos hábitos e pensamentos para garantir a inclusão dos alunos.
Ela
mostra as estratégias educativas adaptadas que devem ser aplicadas em crianças
autistas para garantir o seu aprendizado, que seria a criação de um ambiente
estimulante e para isso o professor deve conhecer seu aluno sabendo o que ele
mais gosta ou não. Assim ele irá conseguir criar estímulos de acordo com que o
estudante mais gosta, se for música, por exemplo, estímulos auditivos
proporcionará um aprendizado melhor para ele se for desenhos, pinturas e afins
estímulos visuais e assim por diante. O importante é promover o ensino e
aprendizado utilizando o que os alunos mais tem interesse, e desenvolver também
uma rotina no sentido de conversar com os alunos com TEA e dizer
antecipadamente para ele o que irá ocorrer naquele dia, essa atitude simples
irá deixa-lo menos ansioso e consequentemente mais calmo.
Ao
fazer essas estratégias o professor estará incluindo o aluno com TEA na sala de
aula com os demais e não somente inserindo. O professor como papel de mediador
no ensino e aprendizagem deve também incluir não somente o TEA, mas todos os
alunos, ou seja, esta estratégia pode ser utilizada não só com autistas, mas
com todos os alunos presentes na sala de aula. É importante ressaltar que
durante toda a palestra foi dito que os professores não são os únicos
responsáveis para garantir a inclusão de pessoas com TEA, é necessário o apoio
escolar e da família, além de uma valorização desses profissionais.
Diante
de todo o exposto a metodologia de seu projeto era entrar em contato com uma
escola APAE a escolhida foi a de Itabirito e logo após foi apresentado aos
professores participantes as propostas do curso “multiplicadores” e foram
aplicados dois tipos de questionário o online e o inicial ambos com as mesmas
perguntas, porém o online destinado a professores da rede regular de ensino no
geral enquanto o inicial aos professores da APAE de itabirito. As perguntas
eram sobre a dificuldade que os professores tinham em incluir alunos com TEA,
para que pudesse entender as dificuldades dos professores. Logo após foi
selecionado atividades diferenciadas, seguidas de um questionário pré e pós
minicurso, seguido do minicurso, cartilha informativa e análise de dados.
Os
resultados dos questionários mostram primeiramente a dificuldade dos
professores para inclusão de alunos com TEA, os professores da APAE apontam
como dificuldades: capacitação de professores, dificuldades com alunos
(atenção, comportamento), adaptação do material e metodologia. Já os da rede
regular apontam grande número de alunos em sala, capacitação de professores,
preconceito no ambiente escolar, extensão e nível de dificuldade do conteúdo.
Durante
o minicurso foi realizado atividades de cada um dos três estímulos: tátil,
auditivo e visual. Sendo realizadas 5 atividades diferentes, no final do
minicurso foi dado uma cartilha com as orientações e explicações de tudo que
foi apresentado durante o exposto.
Como
conclusão foi exposto que não existe uma forma específica de ensinar um aluno
com TEA, mesmo que haja dois alunos com o mesmo diagnóstico, eles podem reagir
de maneiras diferentes à uma mesma proposta pedagógica. Por isso, o que
funciona para um pode não funcionar para o outro. Amanda aborda ainda que, o
minicurso e o que ela apresentou para os professores de Itabirito é a realidade
deles com os alunos daquela escola, se for para outra escola em outro lugar a
forma de abordagem deve mudar, as formas de lidar com os alunos de outro lugar
não podem ser a mesma de Itabirito.
Portanto,
para ensinar o professor não precisa ser um especialista no transtorno. O que podemos
absorver da palestra com a professora Amanda é que, o recomendado é que o
professor procure sempre conhecer todos os alunos de forma individual e perceba
como cada um aprende. Mais do que um conhecimento específico, a inclusão desses
alunos requer uma mudança no modo como a escola e os professores pensam e fazem
educação.
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